XXIII Capítulo Geral: “Lar para todos, rio de vida”
- UMBRASIL

- 23 de set.
- 4 min de leitura
No dia 8 de setembro, na festa da Natividade de Maria, com a presença de 80 capitulares e 16 membros convidados, teve início no Centro Marista de Transformação Comunitária de Tagaytay, nas Filipinas, o XXIII Capítulo Geral, que definirá o rumo da Missão para os próximos anos.
Centrado no lema “Lar para todos, rio de vida”, o Capítulo reflete sobre os desafios que a comunidade marista enfrenta, discerne para onde se dirige e considera a adaptação na espiritualidade, na vida comunitária e na missão que as realidades deste tempo exigem. Oito leigos maristas de todo o mundo contribuem ativamente para o seu desenvolvimento. A sua presença dá testemunho do caminho partilhado pelos Irmãos e Leigos maristas.
Durante a Eucaristia inaugural, os participantes foram convidados a recordar o apelo a ser “Rios de Vida para o mundo” e receberam símbolos que refletem a riqueza e diversidade do mundo marista ― o gongo e a trombeta, o incenso, o globo terráqueo, a rocha da Ermida, a água do rio Gier, São Marcelino Champagnat, Maria, a Boa Mãe, e o Espírito Santo.
O Ir. Ernesto Sánchez, por sua vez, dirigiu aos capitulares a sua saudação inicial.
“Desde o início, contamos com a inspiração e o acompanhamento de Maria no nosso seguimento de Jesus e na nossa missão de o dar a conhecer e fazer amar. Durante este Capítulo, pedimos-lhe que nos ajude a ouvir a voz do Espírito, como ela foi capaz de fazer, e a responder com um coração aberto e entregue”.
No segundo dia, foram aprovados o regulamento do Capítulo e a formação das equipas de apoio, e as facilitadoras Estela Padilla e Jessica Joy Calendario lideraram o processo de discernimento estruturado em três fases: “Voltando para Casa” (de 11 a 15 de setembro), “Abrindo janelas” (de 16 a 18 de setembro) e “Traçando novos ríos” (de 22 a 25 de setembro).
Voltando para casa
A fase de discernimento começou com a metodologia da «Conversa no Espírito», a prática tradicional da Igreja mais destacada no último Sínodo, baseada na capacidade de ouvir e compreender, de se abrir a novas vozes e possibilidades.
A primeira etapa, “Voltando para Casa”, desenvolvida no regresso a Deus, à Comunidade e à Igreja, foi inaugurada com o ritual do Coração de Prata, uma tradição ligada a Marcelino Champagnat que cada capitular reviveu colocando o seu nome neste símbolo e comprometendo-se a rezar por outro irmão durante o processo. Reflexões bíblicas e dinâmicas de silêncio e partilha destinadas a aprofundar o nosso lugar no Povo de Deus e a nossa missão partilhada, e a considerar o futuro da vida consagrada e da comunidade, foram conduzidas pela Ir. Liliana Franco, ex-presidente da CLAR, que convidou os participantes a reimaginar a vida religiosa com um espírito de cuidado e liderança relacional, e pelo arcebispo Charlie Inzon, omi, que partilhou uma visão da Igreja como um lar para todos: uma Igreja que escuta, inclui e serve com alegria.
No sábado, dia 13, os participantes viajaram para Marikina, na cidade metropolitana de Manila, para se encontrarem com os jovens asiáticos que celebravam o Marist Asian Youth Gathering 2025 e visitaram também o Centro de Formação Pós-noviciado (MAPAC) e a comunidade educativa da Marist School.
Abrindo janelas
Com o objetivo de conhecer novas fronteiras pastorais inovadoras, nesta nova fase os capitulares escolheram, de acordo com o seu interesse, uma das seguintes exposições: Rede de Escolas Maristas, Pastoral Juvenil nas Escolas, Pastoral no Vietname, Pastoral em situações de violência, Escola para povos indígenas, O que entendo por solidariedade?, Pastoral com jovens adultos e Nova pastoral – Timor Leste.
E na quarta-feira, dia 17, em consonância com o que viveram, foram convidados a continuar a abrir janelas em visitas a nove realidades pastorais e sociais diferentes dentro da Diocese de Imus. Cada participante do capítulo teve a liberdade de escolher a comunidade que desejava conhecer e da qual aprender. Comunidade pesqueira (Paróquia da Imaculada Conceição, Laurel), Paróquias e Comunidades Eclesiais de Base (CEB) (San Rafael, Guinhawa), Crianças vítimas de abuso sexual (Bukid Kabataan, General Trias), Comunidade Agrícola (Tikme, Magallanes), Encontro Ecuménico (UCCP), Treze Mártires, Ecologia e Sustentabilidade (Fazenda SVD), Adultos e crianças abandonados (Bukal ng Kapayapaan, Amadeo), Orfanato (Madre Spinelli, Tagaytay) e Ministério penitenciário (BJMP, Tagaytay).
No dia 18 de setembro, o Capítulo Geral recebeu vários jovens protagonistas de diferentes atividades pastorais dos Maristas das Filipinas que, através de stands, diálogos e workshops, interagiram com os capitulares apresentando projetos de particular atenção às pessoas excluídas: Comunidades indígenas, Vítimas de violência e deslocamento, Evangelização de rua, Tráfico de pessoas, Consciência sociopolítica e boa governança, Cuidado do meio ambiente e população urbana em situação de pobreza.
O dia 19 de setembro marcou o último dia da segunda fase do processo de discernimento destinado a ouvir três vozes internas: a do Ecônomo Geral, a dos leigos convidados e a dos irmãos jovens presentes em Tagaytay.
O Irmão Jorge Gaio, Ecônomo Geral, apresentou o Relatório Económico-Financeiro ao Capítulo e deu lugar ao diálogo em mesas redondas para refletir sobre os pontos fortes e os riscos que foram revelados. Os oito leigos, homens e mulheres, abordaram a identidade partilhada, a corresponsabilidade, a formação e o crescimento espiritual, a liderança, as estruturas e a sustentabilidade, entre outras das preocupações mais urgentes.
Os Irmãos jovens partilharam as suas esperanças, sonhos e desafios para o Instituto: comunidades enraizadas no diálogo, na alegria e na fraternidade; uma família marista inclusiva e global; um caminho vocacional renovado; e um compromisso com os mais vulneráveis e com o cuidado da nossa Casa Comum.
Traçando novos rios
A 20 de setembro teve início a terceira e última fase do processo de discernimento ―”Traçando novos ríos”― que procura identificar os desafios-chave que o Instituto enfrenta à luz das numerosas “janelas” que se abriram durante os dias anteriores e discernir a direção em que a comunidade marista se move como entidade global.
Durante o dia, os capitulares começaram a colher os frutos das reflexões e respostas recolhidas nas duas primeiras fases do processo de discernimento, elaborando uma configuração inicial e embrionária do que se tornará os apelos do XXIII Capítulo Geral.



