XXIII Capítulo Geral: Escutando Novos Apelos e Rastreando Rios de Vida

Na terceira semana do XXIII Capítulo Geral, os capitulares trabalharam numa síntese pessoal e comunitária de tudo o que tinham refletido e vivenciado nas semanas anteriores, discernindo os apelos do Espírito para este novo tempo e as conversões necessárias para responder eficazmente a cada um deles.

Vida Comunitária, Espiritualidade Encarnada, Missão, Estilo de Governo e Liderança Responsável e Renovação da Vocação Marista foram as áreas definidas no processo de discernimento, de onde emergiram os "apelos" que guiarão o Instituto pelos próximos oito anos.

O Capítulo ouviu, sempre de uma forma nova, o chamado para ter a visão audaciosa de Marcelino, que abraça a fragilidade com ternura e amor preferencial pelos pobres, vulneráveis ​​e marginalizados.

A escuta geradora os preparou para analisar como as áreas definidas são impactadas pela situação global. E, ao mesmo tempo, quais conversões são necessárias dentro da comunidade marista para poder dar respostas mais eficazes e proféticas em cada uma delas.

Possíveis Caminhos e Processos de Implementação para os 5 Apelos

Os capitulares concluíram enfatizando a necessidade de continuar trabalhando em direção a uma conversão que passe da instrução ao diálogo, da governança à escuta, da autoridade vertical à comunhão horizontal e da instituição a uma comunidade vibrante, animada pelo propósito de ser sinodal e um rosto mariano para o mundo. A partir desse ponto de partida, propuseram apelos-chave, apresentando os valores marianos e sinodais associados a cada área, juntamente com as conversões necessárias.

O texto de Ezequiel 47 os desafiou na delicada tarefa de revisar e refinar cada um dos chamados propostos: Como podemos ser água viva, cuja fonte é Deus, enchendo o deserto de vitalidade? E um rio no centro da capela acompanhou sua meditação como um sinal eloquente. Ao redor desse rio, evocando tanto a passagem bíblica quanto o Gier, cinco cenas evocaram os chamados e propuseram uma pausa contemplativa ao lado deles.

Os capitulares também descreveram possíveis caminhos e processos de implementação para cada um dos cinco chamados. O debate foi estruturado em torno de quatro temas principais: Estruturas e Cultura: Como este chamado pode se tornar uma cultura viva? Quais estruturas, processos e práticas são necessários? Colaboração e Redes: Quais formas de colaboração são necessárias? Inclusão e Diversidade: Como podemos incluir aqueles que são “outros” ou “diferentes”? e Experiências Formativas: Quais experiências e encontros ajudarão a formar pessoas em cada chamado?

Agradecimento aos Convidados

O dia 24 de setembro marcou o encerramento da participação dos 16 convidados: oito irmãos e oito leigos. Durante a Eucaristia, o Irmão Ernesto Sánchez, Superior Geral e Presidente do Capítulo, expressou sua gratidão pelas contribuições, destacando sua importância no processo de discernimento. Ele também agradeceu às facilitadoras, Joy e Estela, pelo generoso serviço prestado. Cada capitular recebeu uma reprodução comemorativa do ícone do bicentenário da casa-mãe de Notre-Dame de l'Hermitage, oferecida pelo Conselho Geral.

Gestão Financeira e Modificações às Constituições e Estatutos do Capítulo Geral

A partir da apresentação do Relatório Económico-Financeiro do Instituto, que esteve a cargo do Ecônomo-Geral, Ir. Jorge Gaio, no dia 19 de setembro, trabalhou-se sobre a sustentabilidade financeira e a administração, a transparência, a prestação de contas e profissionalização, a Casa Geral e a Administração Geral, a solidariedade global, a responsabilidade partilhada, a missão versus o estilo de vida, as mudanças necessárias na mentalidade e na cultura, e os riscos estratégicos.

Os capitulares foram guiados pelas seguintes premissas: Que critérios, modelos ou intuições sobre governança e gestão podem ser adotados para apoiar a vida e a missão em contextos de crescimento e declínio? / Identifique três estratégias promissoras que poderiam melhorar a viabilidade/sustentabilidade a médio e longo prazo, a partir do seu contexto macro, e Qual modelo de Casa Geral e Administração Geral serve melhor o futuro do Instituto e torna possível reduzir as despesas?

Também foram debatidas as mudanças às Constituições e Estatutos, e a aprovação do Estatuto do Capítulo Geral, que regerá o próximo Capítulo Geral, e que será definido com uma maioria de dois terços na próxima semana.

Vocação e Organização dos Leigos Maristas

Na reta final da semana, o Capítulo focou toda a sua atenção na Vocação Leiga Marista. O Diretor do Secretariado de Leigos, Manu Gómez, que durante a primeira sessão apresentou o documento O Sopro de Ruah – Leigos Maristas de Champagnat: Vocação e organização (um livro que reúne os resultados do processo realizado durante os quatro anos do Fórum Internacional sobre a Vocação Leiga Marista), destacou o sopro do Espírito que impulsiona a criação da Associação Internacional de Leigos Maristas de Champagnat.

A solicitação ao Instituto e à Igreja para que promovam sua criação com reconhecimento canônico, o cuidado e a promoção da Vocação e Missão Leiga Marista em comunhão e corresponsabilidade com o Instituto dos Irmãos Maristas e a Igreja, as linhas de inspiração comuns e a habilitação de expressões locais em cada cultura e contexto, garantindo, em harmonia e comunhão, a identidade e vocação dos Leigos Maristas e acolhendo a diversidade, foram alguns dos aspetos colocados em consideração. Juntamente a isso, foi feito o pedido ao novo Superior Geral e ao seu Conselho para a gestão do reconhecimento canônico da Associação junto ao Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica ou outro organismo, conforme seja necessário.

Eleição do Superior Geral, do Vigário Geral e do Conselho Geral

Dando início às eleições e ao clima de meditação e silêncio que caracterizarão este período, na manhã do dia 29, o Ir. Ernesto abriu o "coração de prata" que tem acompanhado os momentos importantes do Capítulo (No dia 11 de setembro, os capitulares escreveram seus nomes e os colocaram dentro do coração, recordando uma tradição do Pe. Champagnat). Ele, então, colocou os nomes sobre o altar para a celebração eucarística da tarde, na qual foram levados, para o interior do coração, os nomes dos Irmãos que eventualmente serão eleitos, conforme o processo de discernimento dos capitulares.